Quinta-Feira, 15 de Outubro de 2009
Um homem, de 46 anos, foi preso pela Polícia Civil, por volta das 23 horas de quarta-feira (14), sob acusação de manter a ex-mulher e os filhos em cárcere privado, em uma chácara de Arujá – distante 38 quilômetros da Capital.
Na tarde da última quarta-feira (14), uma mulher, de 42 anos, aproveitou-se de uma consulta médica que faria em Guarulhos, para registrar uma ocorrência contra o técnico B.C., de 46 anos, que a mantinha, junto com três filhos, em cárcere privado. Às 17h45, no 1º DP de Guarulhos, foi registrado um boletim de ocorrência de cárcere privado e ameaça, e ela foi orientada a comparecer na repartição policial de Arujá, onde reside.
Acompanhada do filho mais velho, de um sobrinho, da mãe e da irmã, a mulher foi até a unidade policial e relatou que, além de ser mantida em cárcere privado, ela e os filhos eram agredidos física e psicologicamente. Conforme explicou na delegacia, ela era ameaçada de morte, caso o denunciasse, e frequentemente era agredida com socos, chutes e tapas no rosto.
Além disso, os filhos eram maltratados constantemente, inclusive, o mais velho – um adolescente de 17 anos – ficou preso no porão da casa pelo período de dois anos. Durante esse tempo ela não podia, sequer, alimentá-lo. A mulher contou, também, que presenciou o ex-marido torturando o adolescente várias vezes. De acordo com seu relato à polícia, o técnico fazia o rapaz entrar numa caixa d’água, apenas de cueca, e lhe dava muitos choques elétricos até que ele perdesse os sentidos.
A mulher argumenta que ficava desesperada ao ver o filho sendo maltratado, porém, não podia fazer nada para salvá-lo, pois quando ela tentava impedir a ação, o marido redobrava as agressões elétricas ao garoto. Além disso, o agressor mantinha todos os filhos em situação análoga à de escravo, fazendo-os acordar às 5 horas e trabalhar, na horta, até a meia noite, todos os dias. Caso algum deles demonstrasse sinais de cansaço, era brutalmente castigado com choques, mangueiradas e cabo de aço pelo corpo. Segundo a mulher, B.C. marcou seus filhos com queimaduras nos braços – feitas com ferro de solda de aço.
Mais agressões e torturas
O adolescente também foi até a delegacia e confirmou as agressões e torturas praticadas pelo pai. Disse, ainda, que em várias ocasiões viu seu pai dizer que arrancaria a cabeça da mãe com uma foice; e que B.C. também agredia os outros filhos e ofendia os familiares com palavras de baixo calão.
O rapaz relata que, durante o período em que esteve preso no porão, teve que comer a força, um abacate verde e duro, fornecido pelo pai. Além disso, por falta de alimento, chegou a comer baratas para saciar a fome. E que, quando B.C. achava que o filho estava enrolando no trabalho na horta, o amarrava numa cadeira de rodas, apenas de cueca, e o colocava dentro da caixa d’água, onde recebia choques elétricos. Em uma dessas ocasiões o jovem desmaiou e, ao acordar, continuou sendo torturado pelo pai.
A ex-sogra e a ex-cunhada de B.C. também foram à delegacia e declararam que eram ameaçadas de tortura e de morte, por isso não tiveram coragem de denunciá-lo, temendo pela reação do técnico. Os outros dois filhos do casal, na presença da conselheira tutelar, negaram os fatos praticados pelo pai. A mãe dos garotos acredita que eles estão com medo de dizer a verdade, temendo a reação de B.C..
Perícia policial
Na casa de B.C., na rua Calogero, no bairro Vertentes, em Arujá, a polícia localizou e apreendeu a cadeira de rodas e os objetos que o técnico utilizava para torturar as vítimas. O Instituto de Criminalística (IC) foi acionado para fazer exame pericial no local.
B.C foi levado à delegacia, ouvido pela autoridade policial e autuado em flagrante por redução à condição análoga de escravo, maus-tratos, violência doméstica, lesão corporal, tortura, ameaça, injúria e cárcere privado. Embora negue todas as acusações, B.C. permanece preso, à disposição da Justiça. O caso continua sendo investigado pela polícia, visando esclarecer todos os fatos e comprovar as denúncias feitas por alguns familiares do acusado.
Everson Bertucci
Publicado originalmente no site da Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo - SP
http://www.ssp.sp.gov.br/home/noticia.aspx?cod_noticia=17768
Um homem, de 46 anos, foi preso pela Polícia Civil, por volta das 23 horas de quarta-feira (14), sob acusação de manter a ex-mulher e os filhos em cárcere privado, em uma chácara de Arujá – distante 38 quilômetros da Capital.
Na tarde da última quarta-feira (14), uma mulher, de 42 anos, aproveitou-se de uma consulta médica que faria em Guarulhos, para registrar uma ocorrência contra o técnico B.C., de 46 anos, que a mantinha, junto com três filhos, em cárcere privado. Às 17h45, no 1º DP de Guarulhos, foi registrado um boletim de ocorrência de cárcere privado e ameaça, e ela foi orientada a comparecer na repartição policial de Arujá, onde reside.
Acompanhada do filho mais velho, de um sobrinho, da mãe e da irmã, a mulher foi até a unidade policial e relatou que, além de ser mantida em cárcere privado, ela e os filhos eram agredidos física e psicologicamente. Conforme explicou na delegacia, ela era ameaçada de morte, caso o denunciasse, e frequentemente era agredida com socos, chutes e tapas no rosto.
Além disso, os filhos eram maltratados constantemente, inclusive, o mais velho – um adolescente de 17 anos – ficou preso no porão da casa pelo período de dois anos. Durante esse tempo ela não podia, sequer, alimentá-lo. A mulher contou, também, que presenciou o ex-marido torturando o adolescente várias vezes. De acordo com seu relato à polícia, o técnico fazia o rapaz entrar numa caixa d’água, apenas de cueca, e lhe dava muitos choques elétricos até que ele perdesse os sentidos.
A mulher argumenta que ficava desesperada ao ver o filho sendo maltratado, porém, não podia fazer nada para salvá-lo, pois quando ela tentava impedir a ação, o marido redobrava as agressões elétricas ao garoto. Além disso, o agressor mantinha todos os filhos em situação análoga à de escravo, fazendo-os acordar às 5 horas e trabalhar, na horta, até a meia noite, todos os dias. Caso algum deles demonstrasse sinais de cansaço, era brutalmente castigado com choques, mangueiradas e cabo de aço pelo corpo. Segundo a mulher, B.C. marcou seus filhos com queimaduras nos braços – feitas com ferro de solda de aço.
Mais agressões e torturas
O adolescente também foi até a delegacia e confirmou as agressões e torturas praticadas pelo pai. Disse, ainda, que em várias ocasiões viu seu pai dizer que arrancaria a cabeça da mãe com uma foice; e que B.C. também agredia os outros filhos e ofendia os familiares com palavras de baixo calão.
O rapaz relata que, durante o período em que esteve preso no porão, teve que comer a força, um abacate verde e duro, fornecido pelo pai. Além disso, por falta de alimento, chegou a comer baratas para saciar a fome. E que, quando B.C. achava que o filho estava enrolando no trabalho na horta, o amarrava numa cadeira de rodas, apenas de cueca, e o colocava dentro da caixa d’água, onde recebia choques elétricos. Em uma dessas ocasiões o jovem desmaiou e, ao acordar, continuou sendo torturado pelo pai.
A ex-sogra e a ex-cunhada de B.C. também foram à delegacia e declararam que eram ameaçadas de tortura e de morte, por isso não tiveram coragem de denunciá-lo, temendo pela reação do técnico. Os outros dois filhos do casal, na presença da conselheira tutelar, negaram os fatos praticados pelo pai. A mãe dos garotos acredita que eles estão com medo de dizer a verdade, temendo a reação de B.C..
Perícia policial
Na casa de B.C., na rua Calogero, no bairro Vertentes, em Arujá, a polícia localizou e apreendeu a cadeira de rodas e os objetos que o técnico utilizava para torturar as vítimas. O Instituto de Criminalística (IC) foi acionado para fazer exame pericial no local.
B.C foi levado à delegacia, ouvido pela autoridade policial e autuado em flagrante por redução à condição análoga de escravo, maus-tratos, violência doméstica, lesão corporal, tortura, ameaça, injúria e cárcere privado. Embora negue todas as acusações, B.C. permanece preso, à disposição da Justiça. O caso continua sendo investigado pela polícia, visando esclarecer todos os fatos e comprovar as denúncias feitas por alguns familiares do acusado.
Everson Bertucci
Publicado originalmente no site da Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo - SP
http://www.ssp.sp.gov.br/home/noticia.aspx?cod_noticia=17768
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